A Quinta do Bom Despacho é um nome que remonta ao século XVII e provém de um antepassado dos atuais proprietários, o primeiro a habitar a propriedade: Gaspar Dias e a sua família.
Nessa altura, a Santa Inquisição perseguia, entre outros, todos os suspeitos de serem de descendência judaica. Gaspar Dias e a sua família foram repetidamente acusados de serem de linhagem judaica. Tal suspeita levou-os a serem considerados cristãos-novos, rótulo que colocou muitas barreiras à integração da família na sociedade açoriana.
Para serem libertados dos inquisidores, precisavam de testemunhos que atestassem o seu “sangue limpo”. Para o efeito, é emitida uma carta régia a favor da família. Tendo procurado incessantemente essa liberdade, Gaspar Dias comprometeu-se a erigir a “Ermida do Bom Despacho”, ou seja, a chancela régia. Após (pelo menos) 13 decretos régios de D. Filipe I e D. João IV, que se estenderam por mais de um século, a promessa de Gaspar foi cumprida e a capela foi construída.
Infelizmente, a capela foi destruída em meados do século XIX, mas, por causa da família e da sua história, o nome tornou-se amplamente conhecido. Ainda hoje, “Bom Despacho” é utilizado para designar a casa e a propriedade. Embora tenha permanecido na mesma família, a Quinta do Bom Despacho esteve desabitada desde meados do século XVIII até ao início da década de 1980.
António Borges Coutinho, 2º neto do II Marquês da Praia e Monforte, herdou a Quinta do Bom Despacho. Decidiu restaurá-la depois da casa de família no centro da cidade ter sido comprada pelo Governo Regional dos Açores. O restauro decorreu entre 1981 e 1984, sob a sua direção e a dos seus dois filhos, António e Francisco, recentemente regressados do serviço militar em Angola e Moçambique.
Na Primavera de 1984, a Quinta do Bom Despacho estava pronta para ser habitada de novo. Francisco, a sua mulher e as suas duas filhas foram os primeiros a dormir na recém-reformada Quinta do Bom Despacho. Pouco depois, o seu irmão António e a sua família juntaram-se na ala oeste, e o seu pai passou o primeiro Verão na casa do jardim – o rés-do-chão da propriedade que partilhava com a sua mulher Conceição e as suas filhas, que viviam no continente. Em pouco tempo, a propriedade era um paraíso de Verão para um exército de netos, tios, primos, almoços de Verão e longas tardes e noites em família.
Em 2014, Joana e Susana, duas das doze netas de António Borges Coutinho, deram início a um novo ciclo na propriedade e na família. Nasceu um projeto de sustentabilidade para transformar a propriedade num Eco Lodge. No Solstício de Verão de 2015, a Quinta do Bom Despacho abriu as suas portas ao público e recebeu os seus primeiros hóspedes.
Hoje, a Quinta do Bom Despacho partilha com orgulho a história da família, da propriedade e do negócio. Continuaremos a construir o sentimento de comunidade e de intimidade que, vez após vez, tem definido este lugar e aqueles que com ele se cruzam.